Que falta faz meu espaço
Meu sertão feito de aço
O cheiro bom do mormaço
Nas tardes de trovoada.
Quando o sol quente abrandava
E pouco a pouco deixava
Seus raios da cor de lava
Beijar a terra molhada.
Cadê a noite serena
Aquela estrela pequena
Que sentilava amena
Nas noites do meu sertão.
Cadê minha lua-cheia
Que clareava a aldeia
Aqui a lua clareia
Mas é diverso o clarão.
Cadê as manhãs cheirosas
Onde as figueiras frondosas
Faziam inveja as rosas
Por serem belas demais.
E o cheiro bom que invadia
Do café que mãe fervia
Aqui quando nasce o dia
Aquele cheiro não traz.
É que aqui não é lá
Depois que eu vim pra cá
Dentro do peito não dá
Pra guardar tanta saudade.
Já tá cheio pela borda
Mas quando a saudade acorda
Num minuto ele transborda
E é grande a calamidade.
Pra contê-lo me levanto
Escrevo,versejo,canto
Bebo pra ver se espanto
O fantasma da vontade.
Mas isso é paliativo
Um mal feito curativo
Estou vegetando vivo
Na uti da saudade.
--
BrÁs CostA
Nenhum comentário:
Postar um comentário
DEIXE SUA OPINIÃO SOBRE A POSTAGEM