15 julho, 2011

Mais uma de CHICO Preá

Devido ao sucesso da postagem anterior, resolvi postar mais um causo desse sertanejo cheio de peripécias, para deleite dos nossos leitores.


Chico Preá adverte: No Sertão, lixo radioativo será armazenado em cabaças



EM ITACURUBA O LIXO RADIOATIVO VAI FICAR DENTRO DE CABAÇA !


Pois bem. Préa estava com a turma  na budega de Zé de Quelé, quando de repente, uns”boyzinhos” estacionam o carro, abrem o porta-malas e lasca o som em toda altura: “Desce a bundinha mais em baixo.  Bate na bichinha, levanta a calcinha. Rala a ‘tcheca’ no chão”. À medida que o som ia rolando, Chico Preá inchava feito um sapo cururú e tomava uma lapada de cana atrás da outra. Não deu outra. O filósofo partiu de lá mais enfezado que sete gatos dentro de um saco amarrado e alterou  o som. “  PQP. SERÁ O BENEDITO ? Vocês  saem de Serra Talhada pra fuleirar o Carnaval dos outro? Peguem a calcinha e a bundinha de vocês e vão sambar no terreiro da prefeitura. Eles é que gostam dessa fuleiragem”. 



Mal terminou a frase, a rapaziada já tava chegando no asfalto. O caso eu conto como o caso foi.
Entretanto,  gostaria de dividir com vocês o avanço de Chico Preá no mundo cibernético. Arriégua, arretei-me! Pois bem.  Por força e graça do meu bruguelo, estamos  plugados ao mundo. Estas mal tecladas linhas além de circular pelas páginas de jornais e livros, também estão expostas no sítio FAROL DE NOTICIAS (www. faroldenoticias. com .br). O bom disso tudo vem agora. Recebemos um relatório da empresa que administra o danado do site e pra minha alegria recebemos a informação que as histórias do Chico Preá estão  se espalhando pelo mundo de forma mais veloz que a praga da mosca branca. Segundo o relatório, em apenas 20 dias de funcionamento do nosso Farol, já fomos  acessados por leitores do Brasil, Estados Unidos, Coréia do Sul, Canadá, Alemanha, França, Portugal, Peru, Senegal e até na CHINA . Arriégua! Confesso que  me dei por vencido. Resisti que só a bixiga-lixa para entrar nesse negócio mas agora tô mais feliz que menino brincando com merda. Tô todo lambuzado. Agradeço, de coração, aos inúmeros leitores que veem nos apoiando com os seus comentários e acessos “internetais”. Enfim, o jornalismo interativo  chegou.
Pulando de assunto e cá entre nós, não dá para  deixar passar esta oportunidade sem tocar no mote principal do mês: A INSTALAÇÃO DE USINAS NUCLEARES NO NORDESTE. E bem pertinho da gente, aqui em Itacuruba, Sertão de Itaparica. O Governo  Federal quer fazer um investimento de R$ 10 bilhões de reais para  deixar funcionando o tal empreendimento. Os principais argumentos giram em torno da geração de empregos. Ninguém está absolutamente preocupado com a questão do respeito  à vida. Inclusive, um dos argumentos é que a pequena Itacuruba conta com apenas 4 mil habitantes. Ou seja, se a o troço ”pipocar”,  a tragédia, pro governo, vai ser uma coisa mais ou menos. Não dá para defender um projeto desse porte quando  temos outras fontes de energia. Principalmente, a solar e a eólica. Quem defende  este  “monstrengo” argumenta que por estas bandas não existe tsunamis e terremotos. Pura balela. Os principais acidentes em usinas nucleares, inclui Chernobill, na Rússia. E lá não teve qualquer interferência da natureza. Foi falha  técnica mesmo. Sou contra e acabou-se!
 O caso eu conto como o caso foi. Mas não é que o assunto chegou até Água Branca, terra do filósofo Chico Preá? Numa bela manhã de domingo, dia desses, fui revisitar os meus amigos e minhas histórias. O clima era um misto de ressaca, em função do Carnaval, e de muit alegria, pois era a festa de 22 anos de casado da comadre Zefa e do Chiquim. Todos me aguardavam. Noé da Zabumba acunhava com os demais componentes da Banda de Pífanos, e uma “ruma” de gente dançava sob a sombra do umbuzeiro. Manezin Patola, Beroaldo e Tonho -Pè-de-Bomba dançavam  ao  redor de uma, a cadela Ximbica estava na espreita dos ossos que caiam do fogão, e ele; o Preá, estava mais parecendo um noivo. Camisa de mangas compridas listradas (parecia uma zebra) e mais alegre do que nunca. 
 Ao chegar foi  um barulho só: “Êita que chegou o fuxiqueiro de Serra Talhada”. São meus amigos.  Tento relevar. Começamos a tomar umas e outras e atualizei a turma com relação ao sitio FAROL DE NOTICIAS. “Só acredito vendo. Cuma é que se escreve Chico Preá em chinês”? ironizou Barrufa, duvidando que alguém pudesse acessar o site estando na China. Com essa turma não  tem como argumentar e fiquei como mentiroso. Todos rindo da minha cara. E acreditem:  até Ximbica entrou na zorra. Mas o melhor ainda estava por acontecer e abordei  o caso da usina de Itacuruba. Me lasquei. O tempo fechou pois eles estavam acompanhando o assunto pelo noticiário da televisão. Todos muito bem informados.  De pronto, Noé da zabumba parou de tocar e ficou com os olhos esbugalhados repetindo a frase: “A besta-fera vai chegar. A besta-fera vai chegar. “
Deram uma lapada de cana para acalmar os nervos dele mas não valeu de nada.  Então comentei que o lixo radioativo gerado pela usina, teria que ficar cerca de dez mil anos armazenado em solo sertanejo. Pronto. A coisa piorou de vez.  Chico Preá subiu no pé de umbuzeiro, deu um berro desesperado e conclamou a todos para um embargo da obra mesmo antes dela ser construida. Nunca vi uma coisa destas. “Meus amigos, os caba do Japão não conseguiram segurar este lixo federorento e imagina nóis. Pode escrever, vão querer colocar o nosso lixo dentro de cabaça. Vai ser o fim do mundo, de nóis e das nossas cabaças . Valei-me Deus.” E todos gritaram: “VALEEEEI-ME”. Manezin Patola se agarrou numa cabaça que se encontrava debaixo da mesa e lascou o grito: ”NENHUM RÁDIO ATIVO VAI PIPOCAR A MINHA CABACINHA. MINHA CABAÇA É CABAÇO. MINHA CABAÇA É CABAÇO”.  Rápido tal qual um raio da silibrina, Chico Preá propôs a marcha em defesa da vida e das cabaças. “Vamo fazer a marcha das cabaças. Nenhum fila da  mãe vai acabar com a nossa felicidade. Se Duardo Campo se meter a besta, nóis invade o Palácio das  Princesa. Com cabaça e tudo. “
E tudo voltou a mais profunda calmaria. Afinal, Chico Preá é Chico Preá. Enquanto todos se divertiam, Preá saiu de fininho. Pegou na mão da comadre Zefa e argumentou:  ”Vem cá mia  fia, vamo fazer um galenongau antes que o mundo se acabe . Ô minha deusa.”
                                        O caso eu conto como o caso foi . Um abração e até a próxima.

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