12 julho, 2011

COLUNA CHICO PREÁ - autoria de Giovanni Sá



Dia desses esbarrei com um leitor numas das ruas da cidade que abriu o verbo. “Volte a escrever as histórias do Preá, pois eu me encontro à beira de uma depressão. O Chico me ajuda a tirar do cacimbão”. Após este desabafo, dei de conta da importância destas mal tecladas linhas e peço desculpas. Nenhum de vocês têm a obrigação de suportar meus dilemas. Portanto, mãos à obra. Ou melhor, às teclas. Noves fora nada, saímos de um São João meio que fora do comum. Vi muita propaganda dos festejos de Arcoverde, Caruaru, e tantas outras cidades, até de Calumbí, e por estas bandas só falamos dos filhos do seu Francisco. Toda a propaganda foi feita em cima dos dois “meninos”. Foram cartazes, rádio, TV e o escambau.

O resultado é que no dia do show lotou de gente até o parapeito. Arre! vocês devem estar pensando se estive por aquelas bandas. Muito pelo contrário. Mas o Chico Preá, o filósofo de Água Branca assistiu a tudo e provocou o maior furdunço. Daqui a pouco conto tudo com detalhes. Aguardem as próximas mal tecladas linhas. Comendo pelas beiradas, alguns de vocês devem estar perguntando o que isso tudo tem haver com a boina do prefeito. Nada, rárá!!!
Mas me atrevo a relatar um fato para acabar com toda e qualquer névoa de confusão. O caso eu conto como o caso foi.
Muitos de vocês estão cientes que agora tenho uma outra ocupação. Divido um programa de rádio na Vila Bela Fm, com o parceiro Júnior Duarte. O programa é 12h às 13h. É uma forma de engrossar o mingau das crianças. Pois bem. Numa certa feita bati de frente com o prefeito Carlos Evandro no estúdio da Vila Bela e quando pensei que ele iria “atirar” o verbo para cima de mim, o homem disparou:
“Trouxe uma boina pra você lá de Londres. Da terra da rainha Elizabeth”. Então fiquei aliviado. Agradeci ao prefeito e recebi com orgulho o presente. “Danou-se, uma boina de Londres. Vixe que já tô subindo na vida”. No dia seguinte fui à Água Branca todo feliz com a boina nova e deparei com um comitê de recepção da caixa prego.
Chico Preá, Barrufa, Manezin Patola, Tonho Pé-de- Bomba, todos sem exceção já sabiam da notícia, uma vez que o Junior Duarte fez a entrega da boina ao vivo… em tempo real. Não deu outra.
- ômi como é que você se vende pelo bonezin do capital estrangeiro ?
- Rapaz, isto é um presente e é coisa fina da terra da rainha- retruquei.
- É a rainha da “ingraterra” que paga suas conta, seu jornalista imbecil. Se tu queria um boné novo, era só falar com Rogério da Pitú qui tú recebia um autrografado. Você se vendeu, foi?
Então o tempo esquentou. Afinal de contas, o Preá estava colocando em xeque a minha ética profissional. E por um boné? Ou melhor, por uma boina? Bom, mas é da Inglaterra. Arre-égua! Ops, ói eu falando besteira. A poeira só baixou depois que enfiei a boina no bolso. O prefeito Carlos Evandro que me perdoe, mas o presente só me deu dor de cabeça e em Água Branca eu não uso nem amarrado.
Noves fora nada, após fumarmos o cachimbo da paz, a comadre Zefa chegou toda animada e fez o alerta:
“Chiquinho, vamo se arrumar pra assistir ao show de Zezé de Camargo e Luciano”.
A turma fez a maior festa até Barrufa fazer uma pergunta sem nexo.
- Ô Chico, esses menino vão cantar Pagode Russo e Peixe-Piaba ? Após um breve silêncio, e duas lapadas consecutivas, o filósofo respondeu:
“Se eles não iam, agora vão ter qui cantar. Os patrão somo nóis. É dinheiro público e eles tem que cantar o que nóis gosta”. Aí a gritaria comeu no centro. Subimos no caminhão pau-de-arara e seguimos rumo a Estação do Forró. Fui pra casa, não fiquei para o show. Mas o que relato agora é a pura verdade e dou às provas. O caso eu conto como o caso foi.
Toda a truma ficou bem no gargarejo, em frente ao palco. Quando a dupla sertaneja subiu foi o maior furdunço e gritaria. Zefa era a mais histérica:
“Luciano, Luciano… Luiciannoo”. Chico Preá não aguentou e meteu um grito só.
“Mulé vai te lascar. Baixe o facho. O que diabo que este marmanjo tem que não tenho”. E prontamente Zefinha se acomodou. Pois bem. Lá prás tantas, quando todos estavam turbinados e prá lá de bagdá, Chico Preá começou a gritar:
“CANTA PAGODE RUSSO E PEIXE PIABA. CANTA PAGODE RUSSO E PEIXE-PIAPA. EU TÔ PAGANDO “. E toda a turma “acunhou” no grito, até um pelotão da PM intervir os frenéticos fãs. Resultado: foram levados a Delegacia de Polícia e é aí que entro, quando soube de toda a história.
Conversei com o delegado, mas o principal argumento foi do Preá.
“Dotor, quem é melhor: Luiz Gonzaga, Assissão ou os filhos do seu Francisco” ? A sorte foi que o delegado era fã do Rei do Baião. O caso eu conto como o caso foi.
Um abração e até a próxima.

AUTOR- Giovanni Sá, 48 anos, jornalista e escritor. Foi correspondente do Jornal do Commercio (Recife) por quatro anos e repórter do extinto Gazeta do Pajeú. Hoje atua em rádio, assessoria de imprensa e há mais de uma década edita o Jornal Desafio, de Serra Talhada. É membro da Academia Serra-talhadense de Letras e da União Brasileira de Escritores (UBE). Autor de A Liberdade das Palavras (1983) e Eu, Chico Preá e Nossas Histórias 

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Poeta Heleno Alexandre disse:


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