Chegou para Tabuí um médico dos mais animados e doidos pra curar os males do povo. Atendia a todo mundo, do pobre ao menos pobre, com alegria, com muitas perguntas e remédio certeiro. Mas tinha um problema. O homem ficou viciado em buraco. Sim, aquele jogo de baralho. Chegou num certo tempo ele deixou de atender, só por causa do jogo e brigando sempre porque nunca ganhava e cê já viu jogador gostar de perder? A mesa do carteado era no “uiscritório”, nos fundos do Bar do Copo Sujo. E foi lá que aconteceu um incidente.
- Dotô, minha mãe tá quase morreno, dotô! Acode ela!
- Ó, sá! Tô podendo agora não! Tô no meio do jogo!
- Mas, dotô, ela pode morrê! Vamo lá agora!
- Agora não dá não... Só se você a trouxer aqui...
E lá se foi a moça buscar a mãe, agonizante, para deitá-la numa mesa suja do Copo Sujo. O médico larga as cartas na mesa e atende a mulher.Examina-a rapidinho, traça umas linhas num papel de embrulhar pão e manda a moça levar à farmácia.
- Moça, num sei o que qui tá iscrito aqui não! – Era o Odilon Farmacêutico, encafifado com a letra do médico.
Ninguém a quem ela mostrou a receita soube decifrar aqueles garranchos. Até o Juquinha do cartório, que adivinhava letra de Deus e todo mundo, esbarrou naqueles hieroglifos primários. A moça voltou a médico, garrado no buraco, já começando outra partida. Entrega-lhe a receita e pede para ele dizer o nome do remédio. O médico analisa, coça a cabeça, olha pro chão, olha pro alto, tenta soletrar e diz pra moça:
- Olha, moça! É melhor a senhora trazer a doente aqui pra eu examinar de novo!...
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